A TRISTE GERAÇÃO QUE NÃO SE APEGA, SÓ SE PEGA

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É a geração que se diz desapegada. Pelo menos, por onde passa, tentam deixar isso claro, estampado pra quem quer que seja. Nada de se envolver demais, dizer que se importa, que está com saudade e que ama.

Deus que os livre!! Sem essa de "se mostrar vulnerável" frente a alguém que nutre algum sentimento por eles. Vá que dê tudo errado e fiquem a ver navios na praia. Vá que estejam à bordo de um novo Titanic e ele afunde no meio da viagem. É melhor prevenir, dizem.

Não, não, sem chance de nadar, amar e morrer na praia, sem que haja a alternativa segura de que alguém os salvem. É mais fácil manter as aparências. Dar uma resposta às mensagens recebidas no meio da tarde só depois de vinte e três horas. Tem é que deixar no vácuo e dizer que dormiu. É isso. É o protocolo. Fazer o outro sofrer. Ter uma morte lenta, como falam por aí. Nada de pagar de desesperados, de correr atrás. Sem essa.

Toda uma geração que não se apega, só se pega. Preferem a superficialidade a viver o que sentem e, talvez, bem improvável, levarem um tombo que é, totalmente, normal, com quem realmente valha a pena, que os valorizem. Não querem batalhar um pouquinho mais para conquistarem quem desejam. É a geração do desprezo na qual a frieza é a primeira forma de tratar as pessoas com jogos desnecessários pra tentar se parecer mais forte.

Só que não é bem assim que funcionam. Eles se apegam sim. "Tudo bem, eu quero mesmo é viver a vida, não vamos ter nada sério". Apenas da boca pra fora, já que em quatro paredes, no quarto, remoem dúvidas, roem unhas e perdem os cabelos, tentando manter a postura de reis e rainhas do gelo, da frieza, do amor-próprio, na frente de todo o mundo sorrindo amarelo como se nada esteja acontecendo.

Essa triste geração precisa se alegrar, colocar suas entranhas sentimentais expostas sem medo, não ter medo de arriscar mergulhar de cabeça, como nunca talvez tenham feito, e dizer que se importa, que sente falta, que "você é importante, sim, pra mim", sem receio de parecer boba. De maneira alguma, tratar o frio na barriga como dor no estômago. Talvez seja amor. Às vezes, vale a pena dar uma chance pra o que se sente. Apegar-se.

Thomaz Cunha escreve


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