Não é o tempo lá fora

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Dias de chuva convidam-nos a pensar. Fecha o dia aqui fora e abre o dia dentro do peito. Uma pesagem. Uma tentativa de colocar os pontos nos is. Você olha para a chuva caindo, para o céu escuro e para o vento balançando as árvores, sentindo que cada medo vem a tona, cada memória se reaviva, cada atitude se aciona.

Dias de chuva são convites para deitar no sofá, assistir televisão e comer, sim. Mas não apenas a isso. Dias de chuva despertam o que é esquecido nos dias de sol. Dias de chuva abrem o que o sol do lado de fora do nosso ser escondeu. Não vá pensar que dias de chuva convidam-nos à depressão. Isso não. Dias de chuva merecem respeito pela importância que tem, assim como os dias de sol. Cada qual com sua importância.

Talvez na correria do dia a dia, os dias de sol valham mais mesmo. Talvez. Porém dias de chuva, sendo tempestivos ou calmos, trazem o momento de regar os campos. Campos internos ou externos.

Dias de chuva solicitam a calmaria do nosso ser, a reflexão dos nossos atos, a solução das nossas angústias, o cultivo das nossas terras internas. Dias de chuva pedem o autocuidado, o amor-próprio.Um "ei, olha aqui para dentro do peito".

Que entre as idas e vindas dos dias apareçam os dias de chuva. E que não sejam apenas convite à preguiça. Dias de chuva rememoram algumas dores, é claro. Dias de chuva trazem certezas, por vezes. Dias de chuva  levam angústias, constantemente. Dias de chuva convidam-nos a pensar, analisar, pesar, revalidar.

Dias de chuva não possuem a mesma notoriedade que os dias de sol. É bom lembrar que depois de toda a tempestade, vem a calmaria. Vem o sol, vem o arco-íris, vem a andorinha cantar e vem as sementes germinar. Pensar é bom. Agir é ainda melhor. Então, é válido acreditar que cada momento tem sua função. É crescimento, é evolução. Chuva ou sol, quem faz a vida somos nós. Não é o tempo lá fora.

Thomaz Cunha


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