Estamos cegos pela perfeição de algo que ainda possa vir a ser

0 Comments


Precisamos viver o agora. Focados em um futuro, deixamos de viver o presente. Colocamos metas, abarrotamos a nossa semana com tarefas por fazer. Sentados aqui, no agora, ensaiamos nosso passo do amanhã, do depois de amanhã e do depois de depois de amanhã. E o agora? 

Focados em um futuro que parece que não chega, fechamos os olhos para o agora, que foi programado ontem. Que piada. Fechamos a nossa mente para o hoje, na esperança de que todas as nossas expectativas para o amanhã deem certo, afinal, "hoje já foi um grande erro", "não deveria ter posto o nariz para fora da porta de casa". 

Que pena, amnésia toma conta do hoje. Fazemos com o hoje o mesmo como quando encontramos aquela pessoa chata na rua: desconhecemos, olhamos para o lado e seguimos, sedentos pelo que vem logo ali.

Nesse processo louco de viver o amanhã, de querer tudo perfeito, programado, de conquistar nossas metas, lá longe, o hoje passa despercebido, inacabado, merecendo uns retoques, pronto para ser impulsionado adequadamente para o amanhã. 

Por hábito perdemos a oportunidade de reler nossos erros no momento, de ouvir vozes amigas que dizem o que precisamos, de encontrarmos algo que nos faça, realmente, feliz no agora, porque estamos cegos pela perfeição de algo que ainda possa  vir a ser. E que talvez nem venha.

Nessa luta incansável pelo amanhã nossa vida torna-se fantoche do tempo. Ficamos nesse circo, por que não dizer círculo vicioso, até que em um dia longínquo percebemos que é preciso viver o agora. Então, com medo de ser tarde de mais, vivemos o que podemos, pois há sempre tempo, vamos falar a verdade, muito tempo para mudar nosso cuidado com o agora. Ainda bem.

- Thomaz Cunha


You may also like

Nenhum comentário: