A verdade é que cansamos de amizades ciladas

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Teatral. Quase todo mundo já conheceu alguém que das vinte quatro horas do dia, doze delas está medindo sorrisos e alterando as próprias falas. Pessoas assim sabem usar suas personagens quase que perfeitamente. Elas não querem, na maioria das vezes, demonstrar suas tiranias. Desejam se passar por mocinhas. Teatralmente fica lindo, concordo. Mas um sorriso medido, frequentemente, não acompanha um olhar desajeitado ali.

Vamos ser objetivos: amizade é energia. Aquela energia que fecha conosco e que sabemos de cara quando ela é real, nada teatral, montada, pois sentimos sua veracidade, sem saber porquê. Motivo algum explica. Talvez, energia. Até costumam dizer, por aí, que isso é afinidade. Afinidade de energias.  

A verdade é que cansamos de amizades ciladas e diante de qualquer sinal que indique algo teatral, fajuto, já corremos léguas. 

Toda a energia que nos subtrai diariamente não vale riscos e imersões. Merecemos amizades que nos elevem para o melhor que somos.

Energia. A gente sabe que existe isso e o nosso faro é muito apurado para reconhecer os perfumes e os odores. Sentimos a vibração ruim prontamente e não precisamos de dias. Qualquer meio minuto já basta para perceber uma energia carregada daquilo que deprecia nosso mundo, que diminui nossas crendices, que subtrai nossas vitórias, que nos faz menos do que merecemos.

Gostamos de gente. Gente sem fricotes, sem requintes ou com eles, mas que sabe ser gente, sem equações incompreensíveis.

Gostamos de gente clara no que fala, no que age, no que busca. Gente que não vai tentar parecer o que não é, que não vai ouvir você aqui e falar pelas suas costas ali.

Gostamos de gente que não se importa em levar o lixo de meia e chinelo de dedos, com aquela roupa de andar dentro em casa. Afinal quem tem a ver com suas maluquices e hábitos?

Gostamos de gente sem barreiras para mostrar quem representa fora da tela do computador ou da reunião formal. Gente que sorri sem motivo, chora quando quer, emburra-se porque não concorda, fala com classe quando perde as estribeiras ou grita nesses mesmos momentos. Gente que não é obrigada a nada.

Gostamos de gente. Daquelas imprevisíveis e das previsíveis também.

Gente com energia boa. Será possível encontrar alguém ainda assim?

Gente. Gente que não é teatral, que não é bipolar no que sente pela amizade que diz ter construído conosco. 

Merecemos amizades que nos elevem para o melhor que somos. Até porque se quiséssemos teatro, iríamos até um.




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Thomaz Cunha tem 25 anos, gaúcho, do signo de "de boas" com ascendente em "estou nem aí". Escreve também para a revista eletrônica TRENDR.

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Thomaz Cunha tem 25 anos, gaúcho, do signo de "de boas" com ascendente em "estou nem aí". Escreve também para a revista eletrônica TRENDR.


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